Segundo o relatório, esta realidade reflete até certo ponto decisões políticas passadas, como o aumento do IVA em meados de 2011 ou as chamadas rendas excessivas no setor da energia.."Ainda assim, os passos concretos que precisam ser considerados nesses setores incluem o combate decisivo às políticas explícitas e implícitas que limitam a entrada no mercado, impedem a concorrência e garantem altas taxas de retorno para as empresas incumbentes", lê-se no documento..A análise refere ainda que as autoridades concordaram com estes objetivos, mas apontou para o caráter de longo prazo de alguns dos contratos nesses setores, acrescentando que "podem ser inevitáveis" abordagens regulatórias mais intrusivas juntamente com uma reavaliação dos contratos existentes naquelas indústrias..O relatório admite que o aumento da produtividade exige tempo, mas salienta que no contexto da união monetária, a melhoria da competitividade "requer redução de custos de produção", incluindo "salários e preços não comercializáveis".."Devido aos seus preços em cascata ao longo do processo de produção, as indústrias de rede, como as da eletricidade e das telecomunicações, podem ter uma influência importante na contenção ou mesmo redução dos custos para o setor dos bens transacionáveis", refere..Já no final de março, o chefe da missão do FMI, Abebe Selassie, tinha dito em entrevista à agência Lusa que considerava muito desapontante o facto dos preços da eletricidade e das telecomunicações não terem descido e que aquela questão era importante para garantir que os sacrifícios são repartidos de forma justa.."Penso que o principal objetivo para os preços da eletricidade, das telecomunicações e de outros setores não transacionáveis é se estão em linha ou começam a cair à medida que a concorrência aumenta ou a procura diminui. .Até agora não o estamos a ver e isso é muito desapontante. Se não responderem às condições económicas penso que definitivamente teremos de olhar para o que o se passa e revisitar as reformas", afirmou na altura o responsável máximo da equipa do FMI para Portugal, admitindo que a missão esperava que as reformas fossem mais profundas, como estava inicialmente previsto nesta matéria..No mês passado, foi a vez da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) se pronunciar sobre o assunto e defender mais concorrência nos setores da energia e das telecomunicações ao sublinhar que os preços da luz e do gás em Portugal estão acima da média dos países que integram aquela organização, criando dificuldades às famílias e às empresas.